Joanna Maranhão pede trégua em polêmicas: ‘Sou atleta e não vítima’





Joanna Maranhão no CT do Brasil em Crystal Palace (Foto: Carlos Mota / Globoesporte.com)

Declarações firmes e um só assunto em pauta: natação. Depois de voltar a ser envolvida nas últimas semanas em assuntos relacionados ao abuso sexual que sofreu na infância, com a aprovação de lei específica contra o crime com seu nome e até mesmo sofrer um desmaio diante da declaração de Xuxa ao "Fantástico", Joanna Maranhão deixou claro o desejo de só aparecer nas páginas esportivas. Pelo menos enquanto for nadadora profissional. Prometendo maior comprometimento com a causa após a aposentadoria, ainda não programada, a pernambucana não fugiu do tema durante a visita ao centro de treinamento do Brasil para os Jogos de Londres, em Crystal Palace, mas pediu paz para ter um bom desempenho olímpico.

Classificada para nadar os 400m medley, Joanna deixou claro que compreende a curiosidade sobre sua história de vida. Entretanto, pediu respeito diante de sua posição e demonstrou preocupação em fazer com que seu nome seja associado ao de uma atleta e não de uma vítima.

- Compreendo a curiosidade das pessoas. É algo completamente normal e até uma forma de carinho comigo, além de ser curiosidade de quem foi vítima ou não. Compreendo e respeito. Mas também quero que me respeitem. Esse é o momento mais feliz da minha carreira, demorei anos para encontrar essa paixão por nadar de novo, e quero viver isso da melhor maneira possível. Faltam dois meses, não é muito tempo. Não sei se vou nadar por mais quatro anos. Vou seguir enquanto sentir essa paixão. E enquanto eu for atleta quero dar exemplo que me superei através do meu esporte, do que eu faço. Quando se lida com performance, a carga emocional é grande. É complicado ter que nadar na Olimpíada e ainda estar falando sobre esse tema o tempo inteiro. Todo mundo viveu algo que doeu. É como se eu pegasse isso e ficasse mexendo na ferida. O mais importante não é voltar para trás e falar o que houve, mas olhar para frente e ver o quanto fiquei bem através disso tudo. Por isso, nesse momento não quero falar. Mais para frente, quando estiver pronta e não tiver que competir, volto a falar e me engajo mais na causa. Hoje, é Joanna atleta e não vítima.

Prestes a disputar sua terceira Olimpíada, a nadadora brasileira garantiu viver o momento mais feliz da carreira. Sentimento que está diretamente ligado à maturidade adquirida após fazer uma avaliação do passado nas piscinas.

- É a minha jornada mais feliz, mais plena. Estou dando valor a tudo, aproveitando cada detalhe. Hoje, sei exatamente o que preciso treinar. Há uns anos eu queria fazer força do começo ao fim, achava que era o importante, mas não é assim. Tem que fazer a coisa correta no momento correto. Aprendi com o tempo. É muito bom olhar para trás, ver o que fiz certo, errado, melhorar, consertar... Hoje, estou no melhor caminho possível para o meu resultado

Após visitar Crystal Palace pela primeira vez, Joanna Maranhão revelou já sentir o arrepio causado pela maior competição esportiva do planeta.

- Comentei com o pessoal que fiquei até emocionada quando cheguei em Londres. Eles disseram que já é minha terceira Olimpíada, mas cada vez é especial. É um evento que só acontece de quatro em quatro anos. Então, é muito tempo, hoje sou uma Joanna diferente. Olimpíada é a cereja do bolo e é muito bom estar aqui, cair a ficha de que faço parte do time olímpico mais uma vez. É uma sensação difícil de explicar. É uma plenitude, uma felicidade muito grande.

Uma das quatro representantes femininas do Brasil na natação, a pernambucana de 25 anos evitou revelar quais suas ambições para Londres-2012. Por outro lado, voltou a falar da maturidade alcançada ao longo dos anos e garantiu que a grandiosidade dos Jogos Olímpicos já não afeta mais seu rendimento.

- Tenho meta, mas é algo que eu guardo para mim. E há também algumas metas que divido com minha técnica. Acho que é importante termos um objetivo em comum, mas é fundamental que eu tenha a minha meta também. É algo que eu não divulgo. Lógico que todo mundo quer estar na melhor performance, todo mundo chega pronto para isso, e é o psicológico que vai fazer a diferença na hora. Quem sentir a importância dos Jogos e colocar isso na frente do que vai fazer, vai acabar perdendo. É como costumo dizer: "Temos que se ligar no jogo e não no que está em jogo". Se a pessoa ficar pensando muito no evento, na Vila Olímpica, nas pessoas, acho que perde o foco daquilo que precisa fazer. É um bloco, uma raia, uma prova, o atleta e aquilo que está acostumado a fazer todos os dias. E estou preparada para isso.

Para Londres, Joanna diz que está mais preparada para cair na piscina e brilhar (Foto: Satiro Sodré/AGIF)

Preparada e novamente feliz para cair na piscina, de acordo com as palavras da própria Joanna. Ao recordar sua história olímpica, a brasileira revelou ter passado por um turbilhão de sentimentos em Atenas-2004 e Pequim-2008, algo que contribuiu para que chegasse melhor a Londres-2012.

- A primeira vez foi há oito anos e, na verdade, eu não vivi o ciclo olímpico porque eu não comecei a sonhar com a vaga logo após Sydney. Em 2000, eu tinha 13 anos de idade, nem imaginava que em 2004 estaria nadando na Olimpíada. Fui nadar o Pan em 2003 e queria alguma medalha. Consegui e quando vi fiz o índice. Foi algo que aconteceu. Foi muito rápido, o que é normal quando se é jovem, as pessoas evoluem muito rápido. No começo, até fiquei um pouco em pânico, com medo de me jogar nos treinos, mas depois vi que tinha que curtir a experiência e foi o que aconteceu. Já em Pequim, eu perdi um pouco isso. Fiquei muito preocupada com o que os outros pensavam e perdi o foco. Reconquistei isso e hoje sou um pouco da Joanna de oito anos atrás, de quatro anos, e que juntou para que eu me tornasse a pessoa que sou agora.

Quinta colocada nos 400m medley em Atenas, Joanna Maranhão ainda tem mais três provas em seu currículo olímpico: 200m e 400m medley, e 200m borboleta, em Pequim-2008.

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