Uma dificuldade com que se depara um sujeito nos primeiros contactos com o meio aquático relaciona-se com a respiração. A impossibilidade de utilizar o mecanismo respiratório habitual no meio aquático, especialmente quando se encontra em decúbito ventral, implica a necessidade de aquisição de novos automatismos. Ou seja, ao mecanismo respiratório inato utilizado no meio terrestre, há que promover as alterações adequadas. Alterações essas que passam em traços largos pelo aumento voluntário das trocas gasosas e, consequentemente, pela sua dominância bocal.
A respiração assume um duplo papel. Um papel fisiológico, relacionado com a actividade corporal e a necessidade de efectuar trocas gasosas; e um mecânico, em virtude de influenciar directamente a flutuabilidade do sujeito (Catteau e Garoff, 1988; Navarro, 1995).
Numa perspectiva fisiológica, estando sentado imerso até ao pescoço, a capacidade vital de um indivíduo diminui 8 a 10% (Agostino et al., 1966 in Holmér, 1974). Isto deve-se a um aumento do volume sanguíneo na região torácica. Para mais, o aumento da resistência à ventilação durante a imersão, em repouso ou em actividade, promove um aumento do esforço respiratório. Assim sendo, o acto respiratório não pode ser meramente reflexo e passivo, tendo de se tornar voluntário e activo. Daí que tradicionalmente a prática das actividades aquáticas seja prescrita a indivíduos com patologias do foro respiratório, procurando fortalecer a musculatura associada a esse sistema.
Por outro lado, quanto maior a velocidade de deslocamento do sujeito, maior a necessidade do consumo de oxigénio por parte do organismo. Paradoxalmente, com base no senso comum, dir-se-ia que é nesta situação que se verifica uma menor possibilidade de o efectuar, já que a duração da emersão das vias aéreas superiores diminui em consequência da diminuição da duração relativa da recuperação dos membros superiores. Logo, o sujeito entraria em défice de oxigénio. Contudo, este fenómeno é irradicado por meio de um aumento da ventilação pulmonar (Holmér, 1974).
A inspiração diafragmática será a mais adequada, dado que far-se-á necessariamente durante o tempo em que os membros superiores tem um mínimo de "apoio" sobre a caixa torácica (Catteau e Garoff, 1988; Navarro, 1995). Veja-se o caso das técnicas ventrais de nado formal, onde esta constatação é evidente.
De um ponto de vista mecânico, a imperiosa necessidade de prolongar a duração do ato inspiratório perturba inevitavelmente o equilíbrio do nadador e, por vezes, a sua motricidade (Catteau e Garoff, 1988). Facto este que decorre de um aumento do ar inspirado, o qual tende a diminuir a densidade corporal, portanto, afectando a sua flutuabilidade (Vilas-Boas, 1984). Ou seja, ao aumentar-se o volume de ar nos pulmões e ficando em apneia inspiratória aumenta-se o volume corporal imerso, bem como, o volume de água deslocado e, consequentemente, a Força de Impulsão Hidrostática. Assim sendo, altera-se uma das forças de que depende o equilíbrio no meio aquático.
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