Phelps vira o maior de todos na Olimpíada em que mostrou que não é mais o melhor de todos





Phelps sorri após conquistar a medalha de ouro no revezamento 4 x 200 livre com a equipe dos EUA
  • Phelps sorri após conquistar a medalha de ouro no revezamento 4 x 200 livre com a equipe dos EUA

Michael Phelps se tornou, nesta tarde, o maior atleta olímpico de todos os tempos. Ninguém conquistou tantas medalhas na história olímpica. Ninguém venceu tantas provas em uma mesma edição dos Jogos. Resumindo, ninguém brilhou tanto em uma piscina quanto ele, nunca. E, para tornar a história ainda mais incrível, Phelps chega ao olimpo esportivo justamente quando o mundo percebe que, no fim das contas, ele não é um super-homem.

Com os dois pódios desta terça-feira, a prata nos 200 m borboleta e o ouro no revezamento 4x200 m livre, ele chegou a 19 medalhas em quatro Olimpíadas. Com o feito, manda a ginasta soviética Larisa Latynina para a segunda posição no quadro histórico de medalhas, com 18 pódios.

Antes, Phelps já tinha superado outros recordes. Os oito ouros de Pequim-2008 foram sobre-humanos. Com eles, bateu os sete de Mark Spitz, até então a maior performance individual de um atleta em uma mesma Olimpíada. Somando os seis títulos olímpicos que já possuía, dos Jogos de Atenas-2004, com os de Pequim-2008 e o de Londres-2012, ele é o atleta mais dourado da história, com 15 ouros.

O mais incrível é que todos esses feitos são coroados com as performances mais humanas que Phelps já mostrou em Olimpíadas. Os 200 m borboleta, prova em que estava invicto desde 2001, desta terça foram o maior exemplo. Ele liderou por mais de 100 m, mas foi perdendo rendimento. Enquanto a torcida ia ao delírio, o sul-africano Chad le Clos se aproximava. Os últimos metros foram lado a lado. Na batida, por 0s05, o nadador sul-africano conquistou o ouro. Para os que se lembram, a chegada foi a resposta dos cronômetros aos 100 m borboleta de 2008, em que ele e o sérvio Milorad Cavic bateram praticamente ao mesmo tempo e o norte-americano levou porque encostou na placa com mais força.



Nos 400m medley foi a mesma coisa. Após duas medalhas de ouro consecutivas, em Atenas-2004 e Pequim-2008, em Londres-2012 três nadadores o venceram - um deles, o brasileiro Thiago Pereira. Foi a primeira vez que o nadador disputou uma final olímpica e não subiu ao pódio desde 2000. E, em Sydney, ele era um adolescente de apenas 15 anos ainda assustado com a magnitude dos jogos.

Sua única medalha, até esta terça-feira, tinha sido no revezamento 4x100m livre. E de prata, em mais uma ironia do destino em relação a 2008. Ryan Lochte fechou a prova para os EUA, entrou em vantagem, mas acabou ultrapassado pelo francês Yannick Agnel. A cena foi igualzinha à de Pequim na mesma prova, só ao contrário: na China, foram os EUA que entraram na piscina atrás e viraram sobre os franceses, graças a melhor prova da vida de Jason Lezak.

Mesmo assim, os deuses foram bondosos com o momento em que aceitaram Phelps em seu olimpo: se as provas que o levaram à beira do recorde foram de prata, a que o tornou o melhor de todos foi de ouro. Nos 4x200 m livre, o mito e seus companheiros marcaram o melhor tempo da prova da era pós-trajes tecnológicos (6min59s70) - e o fato de que o francês Yannick Agnel foi quase um segundo mais rápido que ele enquanto os dois nadavam (1min43s24 contra 1min44s5) vira apenas um detalhe.



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