A cada treino, Thiago Pereira sentia dores. Encostava em um canto do Centro Olímpico, em São Paulo, e, por pouco, não vomitava. De volta para o Brasil, depois de dois anos nos Estados Unidos, encarou uma nova e desgastante rotina nas salas de musculação. Ganhou força e viu o resultado nas piscinas. A principal mudança, no entanto, não foi física. A pouco mais de uma semana do embarque rumo à terceira participação olímpica, o nadador se diz mentalmente pronto para Londres.
Há quatro anos, Thiago Pereira chegava a Pequim com o peso da expectativa. Tudo por conta da performance perfeita no Pan do Rio, em 2007, com seis ouros e uma prata. A pressão por um resultado, ele admite, atrapalhou.
- Mudou muita coisa. Eu não conseguia focar, treinar direito. Naquela época, tinha acabado de disputar o Pan, no Brasil. Muita expectativa se criou. Eu cheguei lá e não estava treinado para conquistar essa medalha. Dessa vez, estou preparado para isso – disse o nadador, que vai disputar as provas de 200m medley, 400m medley e o revezamento 4 x 100m.
A confiança em um bom resultado, ele diz, é a maior possível para os Jogos de Londres. Desde Pequim, Thiago foi alvo dos críticos. Lia na imprensa que deixava a medalha escapar por não conseguir manter o ritmo até o final da prova. Agora, o nadador afirma que a insegurança ficou para trás.
- Dessa vez, estou muito mais preparado e tranquilo e muito mais confiante do que estava. Batia uma dúvida na última parte da prova, em mim mesmo, e passei a acreditar mais. Como venho fazendo há um tempo. Eu comecei acreditar mais no que poderia fazer, na minha prova, no meu talento. Às vezes, eu queimava muito a prova porque queria passar na frente. Não preciso disso, preciso fazer a prova com mais inteligência. De tantas vezes que briguei e não conquistar essa medalha, comecei a confiar mais, fazer o que eu tenho que fazer. O jeito é nadar a prova com mais inteligência e sem desespero.
A rotina de entrevistas, eventos e compromissos comerciais, segundo Thiago, fez com que o rendimento em Pequim fosse abaixo do esperado. Em seus dois anos nos EUA, o nadador sentiu poucas mudanças. Lá, ainda não tinha a confiança de que poderia, enfim, conquistar uma medalha olímpica. Depois do Mundial de Xangai, no ano passado, procurou o técnico Albertinho e passou a treinar com Cesar Cielo e companhia no P.R.O. 16.
Em menos de um ano, Thiago afirma que a diferença é grande. Se a parte física é a que chama mais atenção, o nadador lembra que toda a preparação foi feita de forma diferente.
- Estou bem mais tranquilo, bem mais relaxado. Em 2004, em Atenas, era tudo novo. Em 2008, era uma experiência nova por toda a expectativa que havia se criado no Pan. Entrei de um jeito na vila e saí de outro. Eram muitos eventos, entrevistas e não conseguia focar . Nesse ano, por já ter passado nessas duas anteriores, me preparei do jeito que deveria. [...] Comecei a focar mais nisso desde que voltei. Estou mais forte. Tenho acompanhamento do nutricionista todos os dias. Minha alimentação da época das Olimpíadas, o que posso fazer e o q não posso. Eu posso dizer que nessa eu fiz tudo ao meu alcance, o que precisa fazer para um grande resultado. Tanto dentro da piscina quanto fora.
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