Há quatro anos, quando bateu na frente nos 100m livre no Pan do Rio, Cesar Cielo era um rosto ainda desconhecido do público brasileiro. Morava nos Estados Unidos, tinha alcançado um quarto lugar no Mundial de Melbourne, mas famoso mesmo no país era Thiago Pereira. Nada que os ouros nos 50m e 100m livre não resolvessem. Neste domingo, o recordista mundial entrou na piscina do Pan de Guadalajara atrás do bicampeonato. Temia a altitude, passou por um susto na noite de sexta-feira, mas fez o que se esperava dele: avançou à final com o primeiro tempo.
- Foi legal. Ainda não encaixei a minha saída da forma que eu queria ter encaixado. Abri um pouquinho a mão debaixo d'água, mas o tempo foi muito bom. Gostei de ter feito 48s89 do jeito que eu nadei. Hoje à noite dá para nadar mais ou menos como em Xangai. Não sei se 48s, mas pelo menos 48s baixo - disse Cielo, ainda ofegante depois da prova.
Saudado pela arquibancada após o anúncio de seu nome pelo locutar oficial, Cielo mostrou o semblante confiante de sempre. Saiu na frente, abriu meio corpo para os adversários nos primeiros 50m e diminuiu o ritmo, deu uma segurada, no finalzinho: 48s89, ficando a dez centésimos do seu recorde pan-americano. A melhor marca na temporada estabelecida pelo velocista foi 48s01, quarta do mundo no ano. Estreante na competição, Bruno Fratus foi terceiro em sua série (50s51), não conseguiu um lugar entre oito melhores e saiu da água passando mal.
Na última sexta-feira, Cielo foi a um hospital fazer exames. Segundo médico da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, Marcus Bernhoeft, o nadador teve um mal-estar devido à altitude. Em sua estreia em Guadalajara, porém, o campeão olímpico afirmou que tudo não passou de um procedimento de rotina.
- Não passei mal. Foi mais um exame de check-up mesmo durante a competição. Mas, como a gente estava na Vila, fomos no hospital fazer. Mas não foi nada demais não. Queria só ver como estava reagindo na altitude. Estou me sentindo super bem - garantiu.
Os 1500m de altitude de Guadalajara, no entanto, exigem mais cuidados com a recuperação após as provas.
- Depois da prova, é um pouquinho mais complicado, tem essa sensação de boca seca. É mais difícil do que uma competição a nível do mar. No meu caso, estou com um pouquinho de vantagem porque vou ter três dias até os 50m livre para descansar. Mas eu sei que a recuperação aqui é um pouquinho mais difícil. Para o Thiago, vai ser um grande desafio essa maratona - opinou Cielo.
Cielo e Bruno foram poupados na eliminatória do 4x100m livre, assim como Nicolas Oliveira. O quarteto formado por Gabriel Mangabeira, Henrique Rodrigues, Thiago Pereira e Nicholas dos Santos (o único titular) garantiu a classificação em segundo (3m23s64), atrás apenas dos americanos (3m17s57). Na final, o Brasil deverá competir com Fratus, Nicolas Oliveira, Nicholas Santos e Cielo.
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