Nadadores recebem uniformes do Pan e esquecem um pouco a altitude





No hall de um hotel em Copacabana, as malas eram abertas sem muita cerimônia. O conteúdo era tirado de dentro delas e experimentado ali mesmo por alguns calouros. Num andar acima, veteranas como Flavia Delaroli e Tatiana Lemos faziam o mesmo e aprovavam os uniformes que a delegação irá vestir no Pan de Guadalajara. Por alguns momentos já vivenciavam o clima da competição e se esqueciam um pouco daquela que é tida como a maior preocupação da equipe brasileira: a altitude.

Natação embarque Pan  (Foto: Satiro Sodré/CBDA)

Mas para um dos 40 integrantes da seleção de natação ela vai exigir ainda mais cuidados. Thiago Pereira está escalado para nadar oito provas. Pensou em incluir mais uma (os 200m livre) à maratona pessoal, só que achou por bem desistir da ideia. O desafio de tentar repetir as oito medalhas da edição do Rio-2007 já era grande o suficiente, só que não será a nível do mar.

- Pelo menos nesse não vai ter semifinal. Mas tem 1.500m altitude. Resolvi cortar os 200m livre porque não sei ainda como a gente vai reagir na altitude. Vai ser a primeira experiência para mim, mas sei que ela vai estar lá para todo mundo. Quero conquistar o maior número de medalhas para o Brasil, como fiz no Rio. Fica difícil fazer previsões e só vou descobrir quando cair na água lá. Mas estou bem, fiz um bom trabalho nesse período de quase um mês que passei treinando no P.R.O. 16 em São Paulo. Espero repetir 2007 - disse.

Para tentar amenizar os efeitos no corpo, Thiago sabe que qualquer meia horinha entre as provas terá de ser muito bem aproveitada. Cuidados com a alimentação e também com a hidratação também farão parte do processo. Antes de iniciar as disputas em Guadalajara, os nadadores passarão oito dias em La Loma, a 1.900m, para um período de aclimatação. O embarque está marcado para o dia 5 de outubro.

Natação embarque Pan  (Foto: Satiro Sodré/CBDA)

- O atleta vai ser observado durante todos os dias. Thiago tem perfeita noção da dificuldade do momento. Às vezes um favorito a nível do mar pode não ser a 1.500m de altitude. Cada atleta reage de uma forma. Uma das coisas mais importantes é a hidratação. Mas isso vai decorrer da adaptabilidade - afirmou Ricardo de Moura, superintendente técnico da CBDA.

Sem saber ainda como cada um deverá reagir, a expectativa da equipe passou a ser muito mais com número de medalhas do que com tempos.

- Nadador é acostumado a pensar em tempo, mas o mais importante lá será a conquista de medalhas. Não tracei uma previsão de quantas, mas posso adiantar que o foco é sempre a melhor performance da equipe no Pan. Apesar de não estar nadando em casa, a ideia é que a gente supere a edição do Rio em pódios. É isso que estamos indo buscar. O fator complicador além da altitude, foi ter que iniciar uma preparação curta após o Mundial de Xangai. Quando acaba vem a sensação de querer descansar. E vencer essa barreira de voltar à rotina de treinos foi o primeiro desafio. A gente chega para o Pan com um nível acima de performance de que estava em Xangai. Vamos torcer para todos se adaptarem bem às condições de Guadalajara - disse o técnico Alberto Silva.

Indo para seu terceiro Pan, Kaio Márcio Almeida também espera dar sua contribuição para que o total de 25 medalhas conquistadas no Rio seja superado.

- Foi um ano bem diferente. Evoluí muito tecnicamente, mas lógico que Mundial não foi como esperado. Mesmo assim aprendi muito. No Pan, vamos para nos superar porque até para a performance é um pouco complicado. Então, acho que o objetivo do Brasil vai ser trazer o maior número de medalhas. Mais da metade da delegação é de estreantes e isso é importante para a renovação. Ela está ocorrendo bem antes do que vinha acontecendo e isso é muito bom - admite.

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