Se a lógica usada pela Federação Internacional de Natação (Fina) for mantida, Cesar Cielo e os outros nadadores que testaram positivo no exame antidoping podem ficar preocupados. Para a entidade internacional, usar produtos feitos em farmácias de manipulação caracteriza negligência por parte do atleta. E foi exatamente o caso do quarteto Cielo, Henrique Barbosa, Nicholas Santos e Vinicius Waked.
No ano passado, quando Daynara de Paula foi suspensa por seis meses pela Fina, ela foi considerada imprudente por ingerir cápsula produzida em farmácia de manipulação. O exame antidoping da nadadora apontou a presença de furosemida, o mesmo diurético que apareceu nos testes de Cielo e cia.
"A Daynara foi punida pela imprudência de ter ido a um local que, no entender deles, pode não ser confiável. Para os julgadores, a negligência dela foi escolher uma farmácia de manipulação e não um produto de linha", explicou o advogado Heraldo Panhoca, responsável pela defesa da nadadora.
Na oportunidade, Daynara comprovou na Fina que seu suplemento sofrera contaminação cruzada na farmácia, exatamente o mesmo argumento usado pelos quatro nadadores. A entidade aceitou o fato e a suspendeu por seis meses alegando negligência.
Nesta quarta-feira, a Fina anunciou que contestou a advertência dada ao quarteto no painel da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e levou o caso à Corte Arbitral do Esporte (CAS) em busca de uma pena maior.
A entidade não tem autoridade para aumentar a punição a Cielo e cia., mas pode recomendar uma suspensão à CAS. Neste caso, se a corte arbitral seguir o padrão usado pela Fina, Cielo, Nicholas, Henrique e Vinicius dificilmente escaparão de uma suspensão. Cielo pode até não competir no Mundial de Xangai, a partir de 24 de julho, se a CAS agilizar o julgamento.
O quarteto argumenta que cápsulas de cafeína foram contaminadas por furosemida, um diurético proibido que mascara outras substâncias. Um laudo do Ladetec, laboratório brasileiro credenciado pela Agência Mundial Antidoping (Wada), confirmando a contaminação foi anexado ao processo. A farmácia Anna Terra, de Santa Bárbara D´Oeste enviou relatório de dados, mas defende procedimentos corretos na execução do produto e cogita contaminação pelo ar.
A teoria, no entanto, é praticamente descartada pelo professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP (Universidade de São Paulo) Maurício Yonamine. "Na verdade, é tudo especulativo, porque não se tem a conclusão dos fatos ainda. Mas dizer que foi pelo ar é meio exagerado. As partículas suspensas são muito pequenas e a quantidade é muito baixa para dar positivo em um exame antidoping. É quase impossível. Se não, poderia acontecer a toda hora em qualquer medicamento". O especialista afirma ainda que a cápsula não pode mais ser contaminada após estar pronta.
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