Cesar Cielo só deve falar sobre caso de doping após o Mundial de Xangai
Desde o anúncio de sua liberação para disputar o Mundial de Esportes Aquáticos de Xangai, na última quinta-feira, Cesar Cielo não tocou no assunto doping - com exceção de uma breve declaração publicada em seu site oficial. O astro brasileiro conseguiu provar sua inocência em julgamento da Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês) e escapou de uma suspensão que poderia até tirá-lo da Olimpíada de Londres, mas se recusa a comentar o caso - a expectativa é que ele só fale sobre o tema mais espinhoso de sua carreira após a competição na China, que termina em 31 de julho.
Concentrando-se em defender seus títulos mundiais nos 50 m e 100 m livre, além de buscar medalha nos 50 m borboleta, Cielo deve falar apenas sobre desempenho e resultados de provas no decorrer do Mundial. Mesmo com outros nadadores, como o rival francês Alain Bernard, criticando a falta de punição ao brasileiro, ele prefere não se manifestar.
Enquanto isso, quem faz as vezes de "porta-voz" é o técnico do nadador, Alberto Silva, que já avisou que um eventual sucesso de Cielo no Mundial não deve ser encarado como uma "resposta" do campeão olímpico a toda a polêmica que o envolveu desde o início do mês - quando um exame positivo do atleta para o diurético furosemida, realizado em maio durante o Troféu Maria Lenk, foi divulgado.
A única declaração do velocista a respeito do assunto foi uma frase curta publicada em seu site oficial: "a verdade prevaleceu e estou virando esta página da minha vida". Concentrado, calado e com os holofotes do torneio voltados para si, Cesar Cielo inicia a busca por mais medalhas de ouro neste domingo (horário local), com a disputa das eliminatórias dos 50 m borboleta e o revezamento 4x100 m com a Seleção Brasileira.
Entenda o caso
O velocista Cesar Cielo teve resultado adverso para a substância proibida furosemida em um exame antidoping feito no Troféu Maria Lenk, realizado em maio, no Rio de Janeiro. Além dele, campeão olímpico e mundial, outros três nadadores brasileiros também foram flagrados: Nicholas Santos, Vinícius Waked e Henrique Barbosa.
De acordo com nota da CBDA, divulgada em 1º de julho, os envolvidos declinaram do direito de realização da amostra B e definiram com precisão como o diurético entrou no organismo, o que comprovou que não houve aumento dos seus desempenhos - fato que não ocorreu nesta competição. Desta forma, a entidade optou apenas por uma advertência aos quatro atletas uma vez que não foi identificada culpa ou negligência por parte deles no episódio. O próprio Cielo, em nota oficial divulgada posteriormente, disse que "em nenhum momento fui imprudente ou negligente ou usei de imperícia".
No entanto, a Fina (Federação Internacional de Natação) resolveu recorrer à Corte Arbitral do Esporte (CAS) para tomar uma decisão se os quatro deveriam ou não ser punidos pelo uso da substância, seguindo as regras das leis antidoping da Fina. Os nadadores foram ouvidos em 20 de julho, em Sheshan, na China. Em seguida, o tribunal analisou os depoimentos e as provas para anunciar no dia 21 o resultado do julgamento.
A Corte Arbitral do Esporte (CAS) decidiu apenas manter a advertência dada pela CBDA a Cesar Cielo, Nicholas Santos e Henrique Barbosa. Somente Vinícus Waked, que é reincidente em caso de doping, foi punido. Menos badalado do quarteto, o nadador recebeu um ano de gancho. Ele já havia sido suspenso por dois meses em fevereiro de 2010, também por ingerir substância proibida.
Como os resultados dos quatro nadadores desde o Maria Lenk foram anulados, Henrique Barbosa e Nicholas Santos perderam a classificação ao Mundial, pois haviam feito os índices necessários para participar durante a competição no Rio de Janeiro. Cielo já estava classificado antes disso, enquanto Waked não obteve índice. Além do Mundial, Cesar Cielo está liberado para disputar a Olimpíada de Londres, em 2012.
Dos quatro flagrados no exame, apenas Henrique Barbosa não faz parte do P.R.O 2016 (Projeto Rumo ao Ouro), idealizado por Cielo com vistas a Olimpíada do Rio de Janeiro. O nadador é também um dos destaques do Flamengo. No Troféu Maria Lenk, competição na qual os atletas foram flagrados, Cielo foi surpreendido pelo compatriota Bruno Fratus na prova dos 100 m nado livre, uma de suas especialidades, ficando em segundo. No entanto, levou ouro nos 50 m livre, 50 m borboleta e nos revezamentos 4x50 m livre, 4x100 m livre e revezamento 4x100 m medley. Todos os resultados dele e dos outros nadadores flagrados na competição foram cancelados.
Menos conhecido entre os quatro nadadores, Waked, 23 anos, já havia sido suspenso por dois meses ainda neste ano por uso da substância isometepteno. Na época, ele se defendeu alegando que utilizou um remédio para dor de cabeça.
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