Dependente do futebol, natação do Flamengo contrasta com maior ídolo





As conquistas de Cesar Cielo, estrela da natação brasileira, contrastam com a estrutura das raias oferecida pelo Flamengo, clube que o contratou em 2010. O Rubro-Negro possui seis piscinas aquecidas em sua sede, mas a olímpica é praticamente a mesma desde 1965 e é possível ver rachaduras e uma arquibancada sem cobertura no parque aquático. Com um investimento ainda dependente quase que totalmente do futebol, a diretoria espera encontrar um patrocinador exclusivo para o esporte a fim de oferecer melhores condições aos atletas para os Jogos Olímpicos do Rio-2016 (assista ao vídeo).

Cielo, campeão olímpico e mundial na natação, nunca chegou a treinar no Flamengo após deixar o Pinheiros em março de 2010. O nadador chegou perto das piscinas da Gávea apenas quando foi apresentado no clube, na mesma época, e continua treinando entre São Paulo e os EUA. Apesar disso, o atleta garante que sua decisão de ir para o Rubro-Negro foi segura e que recebe todo o apoio da nova equipe.

- Eu não faria uma mudança brusca na minha vida a ponto de voltar dos EUA para o Brasil se eu não sentisse segurança no que eu estou fazendo. Principalmente nas competições, eu sinto que o que a gente precisa a gente tem. Eles estão sempre com uma disposição muito grande para buscar tudo que a gente quer.

Cesar Cielo natação Open de Paris (Foto: Satiro Sodré / AGIF)Cesar Cielo conquistou três ouros pelo Flamengo no Aberto de Paris (Foto: Satiro Sodré / AGIF)

Marcos Veiga, técnico da equipe de natação do Flamengo, pensa diferente. Para ele, que trabalha na Gávea, sede do clube, ainda faltam implementos para a estrutura das piscinas e uma maior contribuição do Comitê Olímpico Brasileiro e da Confederação Brasileira de Desportes Aquáticos.

- A gente não tem tanto apoio. Eu preciso de vários equipamentos ainda na beira da piscina para trabalhar com o atleta. Preciso das minhas bolas de "medicine ball", que já estouraram algumas, preciso de novas, além de elástico para dentro d'água. Eu preciso de novos implementos e também do apoio do COB, da CBDA, porque aqui tem atletas que vão representar o Brasil na seleção no campeonato mundial. Preciso de um bloco de partida, com rampa. Todos esses implementos fazem a diferença nos centésimos de segundo.

Em busca de um patrocinador exclusivo

Apesar da estrutura defasada, a natação do Flamengo pode passar por uma transformação se um projeto de reforma da presidente Patrícia Amorim for colocado em prática. Atualmente, as raias não possuem patrocinador exclusivo e o orçamento, de R$ 2 milhões, tem 80% do dinheiro proveniente do futebol – valor distante dos R$ 3,5 milhões apontados pela diretoria como investimento ideal. Para a vice de esportes olímpicos, Cristina Callou, a principal mudança será o acordo com uma empresa patrocinadora.

- Vamos conseguir construir uma piscina que seja de alto nível, que possa abrigar qualquer competição, que tenha arquibancada, sala. No papel nós já temos tudo, só falta o investidor, mas vamos conseguir. Vamos indo de degrau em degrau para conseguir estar onde o Flamengo sempre esteve - no topo das competições.

De olho nos Jogos de 2016

Mesmo longe do ideal, a natação do Flamengo tem apresentado crescimento. Saltou do 13º lugar, em 2009, para a terceira posição geral no Troféu Maria Lenk de 2011. O número de alunos na escolinha aumentou 15% após a chegada de César Cielo, e as crianças já podem se espelhar em novos atletas contratados pelo clube, como Nicholas dos Santos, Henrique Barbosa, João de Lucca e Lauro filho.

Para Marcos Veiga, os investimentos miram os Jogos Olímpicos do Rio-2016.

- A gente tanto investiu nos ídolos, que são referência para garotada da escolinha, também para a equipe, mas também trouxemos a molecada nova para trabalhá-la para 2016.

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