Julgamento de Cielo termina. Resultado sai em até 48 horas





Depois de quase seis horas de julgamento, a Corte Arbitral do Esporte finalizou a audiência que analisa o caso de doping do campeão olímpico Cesar Cielo e outros três nadadores, Nicholas Santos, Henrique Barbosa e Vinícius Waked. Agora, os três juízes do painel terão até 48 horas para dar a sentença que determinará a punição dos quatro pelo uso da substância proibida furosemida.

As informações são da assessoria de imprensa da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, que está em Xangai, onde aconteceu o julgamento. Estavam presentes lá os quatro nadadores, o advogado deles, Howard Jacobs, advogados da Fina, cinco testemunhas - três membros da CBDA (Sandra Soldan, médica da Confederação, Ricardo de Moura, superintendente técnico e Coracy Nunes, presidente), além do médico dos nadadores e do técnico deles, Alberto Silva - e os três juízes da CAS responsáveis pelo caso.

A suspensão máxima que Cielo e os outros poderão sofrer é de dois anos, mas a expectativa é que a pena dada pela CAS seja bem menor do que isso. A própria Fina, de acordo com o que apurou o jornalista do Grupo Estado Jamil Chade, sugeriu à Corte que os nadadores fossem punidos das competições internacionais por seis meses.

Caso a punição ultrapasse isso, Cesar Cielo ficará proibido de disputar a Olimpíada de Londres no ano que vem por conta da resolução 45 da Carta Olímpica, também conhecida como regra Osaka - de acordo com esta nova regra, que foi instituída pelo Comitê Olímpico Internacional em 2008, o atleta que receber punição superior a seis meses por caso de doping fica automaticamente proibido de participar da Olimpíada subsequente.

A decisão da CAS sairá até esta sexta-feira e, caso a pena não ultrapasse os dois meses, Cielo poderá disputar até mesmo o Mundial de Xangai, que começou na semana passada - as provas de natação começam no domingo e, por isso, o nadador brasileiro estaria apto a entrar na disputa.

O caso mais complicado é o de Vinícius Waked, que já foi pego no exame antidoping no ano passado. À época, por conta do uso de isomesometepteno, o nadador foi suspenso por dois meses e dependendo da decisão da CAS agora, ele poderá até ser banido do esporte.


Entenda o caso

Campeão Olímpico e recordista mundial na natação, Cesar Cielo ganhou as capas dos jornais nos primeiros dias de julho quando veio a público seu exame antidoping que teve resultado positivo no troféu Maria Lenk, disputado em maio, no Rio de Janeiro. Foi encontrada no nadador a substância proibida Furosemida, um antidiurético, e Cielo alegou que o problema aconteceu por conta de um erro da farmácia que manipulava as pílulas de cafeína que ele e os outros envolvidos no caso ingeriam frequentemente. Cielo disse ainda que aquele foi um "fato isolado" ao longo de sua carreira de "atleta exemplar".

A própria CBDA disse ter recebido um relatório da farmácia de Santa Bárbara D'Oeste, responsável pela manipulação das pílulas, assumindo a contaminação das cápsulas com a substância Furosemida por 'falta de limpeza'. O estabelecimento negou que tenha enviado o documento, mas admitiu a possibilidade de uma contaminação pelo ar.

Diante de tudo isso e levando em consideração as provas apresentadas pela defesa dos nadadores, a CBDA decidiu apenas pela advertência a Cielo e os outros três, sem proibi-los de participarem de nenhuma competição durante o ano. A Fina, no entanto, não acatou essa decisão e levou o caso para ser julgado por um painel da CAS, que recebeu a acusação em 8 de julho e, desde então, vem apurando todas as partes envolvidas.

Desde que o caso se tornou público, Cesar Cielo preferiu se preservar e não conceder entrevistas. Após a coletiva do dia primeiro de julho, quando leu um comunicado esclarecendo o caso e justificando sua inocência, o nadador não apareceu mais e evitou até mesmo treinar no Centro Olímpico do Ibirapuera. Apesar disso, Cielo não deixou de lado a preparação para o Mundial de Xangai e continuou seus treinamentos em uma academia na zona sul de São Paulo, como noticiou com exclusividade o ESPN.com.br. Ao viajar para a China, há uma semana, o campeão olímpico optou por um voo separado da delegação brasileira, tudo para evitar que os holofotes se voltassem para ele novamente.

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